quinta-feira, 29 de julho de 2010

Dilema

Eu só queria que soubesse
O quanto eu te quero.
O quanto dói em mim ficar sem você!

Eu só queria um minuto a mais,
Um segundo que seja,
Uma outra chance pra ser quem eu sou...
Ser quem eu deveria ter sido!

Porque chega a pensar que eu sou a errada...
Que não posso fazê-lo feliz?!
Se ao mesmo tempo me beija
E implora carinho!

O que há de errado em finalmente amar?
Em colocar alguém em prioridade..
Se entregar e fazer promessas sem sentido.

O que há de errado em retribuir
O que sinto por ti?

[A.Borges] - 01-12-09

sábado, 17 de julho de 2010

Aquele sonho

Eu quero
Uma página pautada para anotar
Alguma coisa que eu tento afinar
Dizendo o que nem quero ensaiar
Pensamentos sem o expressar.

Não é fácil pra mim explicar,
Tudo o que passou
Eu sei, não vai soar
Como uma melodia
Coordenada e coreografada
Como tudo em Hollywood
Sem erros perceptíveis de gravação.

Mas o que sinto
Expresso no tango das palavras
Dançando no entendimento
De uma paixão
Talvez sonhada
Tão pouco vivida.
Escondida, surrada, jogada,
que jamais entra em ação!

O tempo vai ensinar
A amar por amar
Sem sofrer
Sem precisar odiar.

Um amor merecido
Sentimento mútuo
Sem dúvidas ou cobranças
Vai além de tudo
Além da compreensão.

Sofre apenas quem "acha" que amou,
Ama apenas quem "sabe" que viveu!

Eu tenho o dom da poesia
E dela me dou o prazer da solidão!


Saudade

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas a(o) amada(o) já...

Saudade é amar um passado
que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe
o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

[Pablo Neruda]

quarta-feira, 14 de julho de 2010

E foi assim...

que acabou vendo a solidão tomar espaço,
levar sonhos...
Vendo aquela garota cheia de planos,
sorrindo atravez do olhar.
Era aceitável que nada a abalaria.

E ela se apaixonou...
ao sentimento mais puro, ela se entregou
e colocou fé, amor e esperança em tudo que determinava ser seu ponto de partida,
para um caminho maravilhoso e sem desejo de retorno.
Esperando apenas não chegar a lugar nenhum em troca desse sentimento que lhe dominava.
Seu corpo estava extasiante, seu estômago em festa, uma festa que infinitas vezes ela tentou imaginar, e naquele momento ela percebeu que tudo aconteceu na hora certa, até que...

Então o destino percebeu que ela tropeçou cedo demais na linha da felicidade, que ela não parecia satisfeita o suficiente e acabou.
TUDO.. Aqueles dias que hoje pareciam ter sido algum conto romântico, pura ironia.

Durante certo tempo parecia o fim do mundo, com todo o drama, com toda a perda, a saudade, o sentimento de "o doce tirado da criança".

Mas o fim do mundo vem um pouco depois, quando ela percebe que dedicação, afeto, amor...estavam todos no mesmo lugar, em uma caixa, talvez.. uma caixa que ela prometeu posse permanente a alguém. Alguém que ela não ousa, nem ousaria perder, alguém que apesar de não saber (e só saberá se for preciso), está com seu bem mais precioso,um bem que sempre lhe pertencerá.

Nessa caixa estava também seu amor-próprio, seu sentimento de liberdade, sua paixão pela vida... a mais pura luta pelo amor.
Agora...
Ela não se ama, não ama ninguém. Vive seus dias com o pó de suas lembranças perfeitamente irreais.. e isso é pior do que ter alguém em si e não para si, a solidão toma forças, toma coragem, toma vontade.

Ela passa os dias a procurar alguém como ele, mas sabe que não encontrará, ou talvez já tenha encontrado,mas não estava prestando atenção.
Está fraca demais para se permitir acreditar que pode dar certo se não exigir tanto.. sem notar cada diferença.
Se recusa a aceitar que alguém exatamente igual àquele que nem existe mais, aquele que mudou com o tempo, que talvez nem faça mais parte da sua essência de perfeição.. aquele alguém pertence a outra pessoa, e ele existe apenas no reflexo dos olhos sorridentes daquela menina que desaprendeu a sorrir.

a letra A tem meu nome

"Eu que já andei pelos quatro cantos do mundo procurando,
foi justamente num sonho que ele me falou"

Às vezes você me pergunta
Por que é que eu sou tão calado
Não falo de amor quase nada
Nem fico sorrindo ao teu lado

Você pensa em mim toda hora
Me come, me cospe, me deixa
Talvez você não entenda
Mas hoje eu vou lhe mostrar

Eu sou a luz das estrelas
Eu sou a cor do luar
Eu sou as coisas da vida
Eu sou o medo de amar

Eu sou o medo do fraco
A força da imaginação
O blefe do jogador
Eu sou, eu fui, eu vou


Eu sou o seu sacrifício
A placa de contra-mão
O sangue no olhar do vampiro
E as juras de maldição

Eu sou a vela que acende
Eu sou a luz que se apaga
Eu sou a beira do abismo
Eu sou o tudo e o nada

Por que você me pergunta
Perguntas não vão lhe mostrar
Que eu sou feito da terra
Do fogo, da água e do ar

Você me tem todo dia
Mas não sabe se é bom ou ruim
Mas saiba que eu estou em você
Mas você não está em mim

Das telhas eu sou o telhado
A pesca do pescador
A letra A tem meu nome
Dos sonhos eu sou o amor

Eu sou a dona de casa
Nos pegue-pagues do mundo
Eu sou a mão do carrasco
Sou raso, largo, profundo


Eu sou a mosca da sopa
E o dente do tubarão
Eu sou os olhos do cego
E a cegueira da visão

Mas eu sou o amargo da língua
A mãe, o pai e o avô
O filho que ainda não veio
O início, o fim e o meio
Eu sou o início, o fim e o meio

Raul Seixas e Paulo Coelho - Gita