quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Pra conseguir chorar..

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

-Cecília Meireles-




É tão facil se identificar com um texto que ja existe.Da aquela sensação que foi feito pra você, por mais que tenha uns 10 mil anos.
É tão dificil conseguir colocar pra fora o que se sente, parece grande demais pra caber no papel. Hoje me dei conta de que as pessoas não precisam de motivos para terminar com você, ela só precisa não sentir "aquilo" (a sensação que diz: é ela), mas a rejeição é sempre dolorida, e eu nunca a tinha sentido, até agora, ou melhor, desde sexta, mas só me dei conta agora.
Qual o problema, não foi o bastante, o que deu errado?
E até agora nenhuma resposta, e nenhuma lágrima. Só o vazio. Por mais que eu estivesse ensaiando um não, como eu realmente estava, por mais que eu soubesse que ele não era a pessoa certa, e que ele era um babaca grosseiro e maxão, a rejeição não é legal.
Pra piorar, não consigo chorar,não consigo me expressar, e não quero conversar. Não quero vê-lo, nem ouvi-lo. Não quero falar dele, por mais que melhore essa dor, eu só quero esquecer e seguir em frente! Chorar seria humilhante, mas é preciso.
Eu esqueci aquele que amei por 3 anos, e que me amou de volta, então sei que posso esquecer alguem que amei por algumas horas e nunca me retribuiu.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

...

a preguiça do feriado realmente tomou conta de mim, mas dessa vez ela veio antecipada e sem aviso prévio..
A quase 2 meses, parei de malhar, perdi a vontade de sair de casa, e parei de me importar em ficar sozinha dentro de casa, 20 horas por dia.. as outras 4h estou na faculdades, ficando feliz com minhas notas altas merecidas.
Esperei 18 anos por isso. O momento em que eu estudaria porque eu realmente quero, por prazer, nada mais de obrigações. Me faz até esquecer que um dia deixei a felicidade escorregar pelos dedos..

Eu perdi o que eu chamava de amor, de gatinho, de VIDA!
Chorava por cada mísera vírgula deste passado. Assistindo a filmes, ouvindo músicas, lendo livros (em livros ainda acontece, mas o extasse da minha vida é ler, é entrar em outro corpo, em outra vida, uma vida como uma novela, não importa o que aconteça, o final sempre deixa todo mundo feliz!).Mas eu parei, tirei uma folga de 2 anos do passado, e só depois de 1 ano e meio axo que finalmente deu certo e consegui esquece-lo, de chorar por ele, de axar que ainda podemos nos reencontrar, ou simplismente de sentir falta do que éramos. Mas foi ai que começou os pesadelos.

Eram LITERALMENTE pesadelos. Eu comecei a ter sonhos, lembranças, pensamentos incontrolados, onde ele me queria de volta. E eu ignorava cada uma dessas circunstancias. Ele não falava mesmo comigo, me ignorava no orkut, me blokeou do msn, mal atendia meus telefonemas preocupados quando eu pressentia que tinha algo errado. E quando tudo parecia ter cessado, a avó dele fica mal, é internada, e quem ele procura pra conversar? EU, CLARO.. Como uma boa amiga,(afinal, nós éramos melhores amigos antes dos 4 anos de namoro.)escutei, aconselhei, e desejei poder sumir com toda aquela dor, aquele sofrimento que me atingia com uma força brutal atravéz de sua voz e de sua imagem na WEB do MSN.
Ela morreu, e eu não sabia o que fazer, eu gostava muito dela, ela era família pra mim tambem. Sofri sozinha até estar estavelmente bem para conforta-lo. Eu liguei, ele estava triste, aguentando a pressão. Sendo mais forte, para encorajar a mãe a seguir em frente, mas foi rude comigo, desde aquele dia não liguei mais, disse que estaria presente sempre que ele precisasse, mandei um beijo pra mãe dele e desliguei.
E ele desapareceu.

E o pesadelo retornou, quando conheci alguem que parecia poder me fazer feliz, mas era só mais um homem (muleque) errado, não demorou muito e dispensei, a questão é que o olhar "do passado" estava naquele Muleque, o que o fazia ser um pouco certo, a questão é que o passado me assombrava enquanto eu estava com ele. Certas atitudes dele me faziam voltar ao livro de memórias, e faziam a nova fábrica de memórias entrar em falencia.
A questão é que certo dia, apos voltar cansada de uma festa, durmi feito uma pedra e tive o pior dos pesadelos, ele retornou forte como nunca foi, tão forte que vi o futuro.
Ele descobria que a atual tinha um amante, e ela o largava (apos ele a perdoar), para ficar com o tal RICARDÃO, e ele vinha atras de mim, dizia que nada tinha mudado em seu coração, e blá blá blá blá.. E eu acreditava (FIQUEI FURIOSA), voltava com ele. De repente a história avançou bem rápido, e nós estávamos a beira da praia, onde comemoramos nosso primeiro ano de namoro, mas estava tudo diferente, eu o vi velho, e me vi velha, ele estava grisalho, magro, de sueter azul, calça de pregas marrom e uma blusa branca. E ele era meu ate esse tempo. Depois o tempo avançou mais um pouco, e vi uma mulher bem bonita, parecida comigo, e uma criança, uma menina linda, a beira da mesma praia. A menininha se voltou a mulher e disse:
"Pronto mamãe, ja terminei. O vovô e a vovó já podem ficar em paz agora."
Acordei.

Aquilo me encomodou bastante. Encomodava até hoje de tardezinha. Em mais um de meus dias preguiçosos, me levantei apenas para comer, vi filmes, me arrumei e fui para a faculdade, voltei e vi OS ANJOS DA VIDA, passou no Cinema Especial, e durante o filme, a fábrica de novas memórias PAROU. A lembrança mais PURA, FELIZ, CARINHOSA, CHATA, ENTEDIANTE e MUITO, MUITO, MUUUUUUUUITO NOGENTA, me atingiu.
Me lembrei de quando ele me ensinou a fazer "respiração boca-a-boca", coisa que me divertia, como um bebe se diverte ao ver o rosto da mãe pela primeira vez, foi a descoberta da minha vida, era fantastico, divertido, e ele descobriu que odiava aquilo, o que me motivava mais a fazer nele contra sua vontade, pois ele ficava sempre lindo bravo. Essa lembrança me troxe aquilo que só podemos definir em português ( Deus abençoe o português), uma coisa chamada SAUDADE. Que doeu, e ainda dói. Mas o único conforto que tenho, e que é muito útil, amanhã ou depois, certamente vou me lembrar de outra coisa. Viver de passado pode ser ruim para algumas pessoas, mas ter um pouco de lembranças felizes pode salvar um dia, mesmo que seja ao derramar uma lágrima em forma de sorriso.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Desatino

Dor que desatina sem doer,
Sem amar, sem gostar,
Sem ter, sem desejar.
Dor é essa que não dói,
Não ama, não gosta,
não tem, não deseja.
Um desatinar que não se sente.
Desaprende a amar,
A sofrer, a querer, a ter.
Sem você.
Sem sofrer, sem amar,
Sem querer, sem gostar,
Sem lembrar, sem ter.
Por nunca mais amar.
Por esconder um desatino a doer,
Ao amar, ao querer, ao gostar,
Ao sofrer, ao pensar, ao lembrar.
Por desatino sem desatinar.